Vou abrir este texto com uma reflexão: quando você acorda, qual a primeira coisa que faz? Há pessoas que gostam de escutar as notícias, outras que preferem meditar e desfrutar do silêncio das primeiras horas do dia. Independente da escolha, algo em comum une a todos: a vida e sua correria.
Na Grécia Antiga e tempos romanos, se cultuava o “ócio criativo”, conceito destinado a definir o hábito de refletir sobre a vida como algo maior. A vida como parte do cosmo, de um Universo muito maior que o nosso “eu”. E foi no decorrer da evolução, até a chegada dos dias atuais, que fomos engolidos pela pressão de equilibrar pratinhos para mantermos uma certa qualidade de vida. Com isso, sacrificamos o ócio criativo por horas de trânsito, trabalhos repetitivos, sono sem qualidade… Uma verdadeira bola de neve.
E como voltar a entender nosso “eu” na ótica da saúde mental se temos que fazer isso com o carro da vida em movimento? Compartilharei aqui algumas práticas que funcionam para mim e que podem funcionar para você:
1) Limpeza mental: escolha o que vai consumir, principalmente pela manhã. Se possível, medite (se tiver dificuldades, há inúmeros conteúdos disponíveis para uma meditação guiada). Se a meditação não estiver nos seus planos, tente escutar uma música que te transporta para um lugar gostoso para começar o dia com o pé direito!
2) Se organize: uma casa reflete o estado de espírito da pessoa, você já deve ter ouvido isso em algum lugar. Comece a exercitar a organização, arrumando sua cama todas as manhãs, não deixando a louça acumular. Prometo uma satisfação sem tamanho ao chegar de um dia atarefado e encontrar sua casa organizada! E isso vale para o trabalho também! Use agendas coloridas, planeje sua semana e revise tarefas para o dia seguinte.
3) Fique só e em silêncio: com a hiperconexão, já não sabemos como é estar sozinho e em nossa companhia. Por que não ler um livro em silêncio e permanecer nele para refletir sobre os ensinamentos aprendidos? Ou escutar o som da rua, da vizinhança e, mais importante ainda, dos nossos pensamentos? Essa capacidade de ficar só e sozinho ajuda muito a controlar a ansiedade de ter que preencher todos os espaços do nosso dia com tarefas e pessoas que, nem sempre, nos preencherão de verdade.
4) Caminhe e perceba o caminho: uma das práticas que mais gosto para despressurizar a mente é caminhar. Mas não apenas caminhar, e sim perceber o meu redor, as casas e pessoas, a calçada, as árvores. Estar presente no caminho é essencial para limpar a mente de pensamentos circulares que afetam nossa saúde mental.
5) Terapia: seja ela com uma pessoa profissional ou em uma roda de amigos/familiares, tenha um tempo e pessoas de confiança para falar de si. Falar sobre si e suas angústias é uma forma de cura, de escutar em alto e bom tom o que sente e elaborar melhor os próximos passos sobre o que se está vivendo. Engolir os sentimentos sedimenta a alma e nos tornamos pessoas rancorosas. Troque esse sentimento pelo aprendizado que todos os contratempos da vida te ensinam.
6) Perspectiva: quando entendemos nosso tamanho no Universo e que todas as pessoas carregam histórias de glória e de luta, nos colocamos em uma posição de humildade perante os nossos próprios problemas. Olhar sob essa ótica não significa diminuir nossa dor, mas sim saber que ela existe para nos ensinar algo e, com esse pensamento, evitamos sucumbir às tristezas por muito tempo, já que o tempo da vida é precioso demais para não seguir em frente.
Para encerrar, tente viver o “agora”. Escutei há alguns dias que “a ansiedade nos rouba o presente e a nostalgia nos leva ao passado”. Para mim, uma das melhores práticas que podemos ter para melhorarmos nossa saúde mental é estarmos presente: dê seu melhor ao acordar, com as pessoas com quem convive, nas tarefas que se propões a fazer! Não há fórmula mágica e cada ser humano é um Universo, mas tenho certeza de que colocar as ideias no lugar do presente ajudará – e muito – à alcançar o equilíbrio de maneira mais rápida e duradoura.
Escrito por: Júlia Mariotto
