19/03/2024

“Não é um dia romântico, é um dia político”

Luiza Mansur

O dia 8 de março é sempre uma data muito reflexiva para mim, por diversos motivos. Sim, eu reconheço e sou grata por todo o caminho que percorremos e pelas conquistas até aqui, mas acredito que essa data serve como um símbolo, uma lembrança e uma reafirmação.

No PROdiversidades conversamos muito sobre a sobrecarga feminina e o acumulo de funções domésticas que em 75% das vezes (segundo pesquisa da Oxfam) recai sob a mulher. Meninas são ensinadas desde cedo a caberem em uma posição de cuidado: ao brincar de boneca ou de casinha, somos doutrinadas desde muito cedo a aceitar esse lugar como inerente ao gênero. E mais tarde quando mulheres, repetimos esse padrão e colocamos em prática o que fomos treinadas para fazer desde a infância.

E tudo isso acontece de forma tão automática que o ato de questionar o padrão parece insano. Mas pense comigo: se a mulher que é mãe e profissional de mercado ao chegar em casa precisa fazer o jantar, ajudar os filhos na tarefa de casa, auxiliá-los no banho e ainda limpar a casa… Que tempo ela terá para fazer um curso de desenvolvimento profissional? Para fazer um segundo idioma? Isso sem entrar no tema da maternidade solo. Se é sempre a mãe que se ausenta do trabalho para levar o filho ao médico ou para comparecer em reuniões escolares, é natural que pensemos que o homem está mais presente no dia a dia do escritório, que ele pareça mais engajado, porque afinal ele realmente está. Ele não tem mais outro motivo para se preocupar e perder o sono, pois sua parceira dá conta de tudo.

Em adição a tudo isso, a sobrecarga feminina também recai sob os relacionamentos interpessoais. Nós temos a expectativa social de sermos cuidadoras emocionais e resolver conflitos, muitas vezes assumindo a responsabilidade por manter a estabilidade e a harmonia nos relacionamentos, tanto pessoais quanto de trabalho.

O caminho até a equidade de gênero é grande, mas novamente reconheço o quanto já percorremos. Acredito que agora são as sutilezas que merecem nossa atenção. Prestar atenção nos comportamentos que são rotineiros, nas tratativas que passam despercebidas. O Dia Internacional da Mulher não é sobre flores, não é sobre estar grato por “tudo que as mulheres fazem”, mas sim sobre questionar a necessidade e o porquê de fazermos sempre tanto.

Eu finalizo essa reflexão reafirmando o meu compromisso com a diversidade, reafirmando meu pensamento crítico e a minha posição questionadora, afinal é somente assim que conquistaremos ainda mais.

 

Escrito por Marina Prestes

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