Uma das maneiras mais eficazes de combater qualquer forma de preconceito e viés é tornar as discussões e reflexões parte do nosso cotidiano.
Portanto, é crucial promover uma comunicação mais inclusiva no ambiente de trabalho, difundindo informações sobre expressões e frases que possam ter conotações preconceituosas.
Com o objetivo de fornecer informações esclarecedoras, o PRO Diversidades compilou, por meio de suas reuniões quinzenais, algumas expressões e declarações problemáticas que podem e devem ser evitadas no dia a dia, a fim de criar um ambiente organizacional mais inclusivo.
“Não vejo cores, vejo pessoas”
Ao afirmar que não vemos cores, negamos a existência e as experiências únicas de cada indivíduo. A identidade étnico-racial de uma pessoa é parte integrante de sua identidade e contribui para moldar quem ela é. É importante enxergar e valorizar essa dimensão para compreender verdadeiramente a pessoa em sua totalidade.
“Somos todos iguais” – Somos todos diferentes e isso não é um problema. Nossas diferenças são essenciais para definir nossa identidade. O mundo é composto por inúmeros povos e distintas culturas. O que realmente deveríamos buscar são igualdade de oportunidades e acesso para todos.
“Racismo reverso” – Para essa frase ser verdade, seria preciso uma mudança total na história. Pretos precisariam colonizar, escravizar e vender brancos para que fosse possível o racismo reverso. Racismo está ligado a poder e opressão.
“O próprio negro se discrimina” – Isso é a tentativa histórica de colocar a vítima como culpada. O que pode acontecer é a reprodução de um discurso racista por parte de pessoas pretas por conta do próprio racismo estrutural. A mente do oprimido é a maior arma do opressor.
“Eu não tenho lugar de fala” – Todo mundo tem lugar de fala e no debate racial, o lugar de fala de pessoas brancas é de quem é privilegiado, de quem se beneficia com o racismo – mesmo não sendo racista. Se o sistema não exclui pessoas brancas, elas serão beneficiadas.
“Racismo é um problema dos negros” – Racismo é um problema da sociedade e que nos tira talentos todos os dias. Todas as pessoas são prejudicadas com a existência do racismo.
“No Brasil ninguém é branco de verdade” – São sim e nós sabemos disso. O racismo no Brasil se apresenta a partir do fenótipo das pessoas, não da sua origem. Aqui, não é o DNA que conta, e sim sua aparência. Logo, seu avô preto não te torna preto também, necessariamente
“Eu queria ser preto/preta/bronzeado como você” – Essa frase para demonstrar compaixão e empatia na verdade demonstra uma falta de compreensão das diversas violências sofridas todos os dias pelos pretos.
“Deveria ser dia da consciência humana” – Existe um povo que foi objetificado e até animalizado, por isso é preciso resgatar e celebrar sua identidade e suas conquistas. Enquanto isso, a “consciência humana” segue castigando pretos apenas por serem pretos.
FONTE: Redes sociais de Maíra Azevedo.
“Amanhã é dia de branco” – Muitas vezes a expressão é utilizada para se referir a dia de trabalho, responsabilidade e compromissos. Isso porque antigamente os trabalhos dos escravos não eram considerados trabalhos e sim obrigações naturais/inerentes. Em vez disso, pode-se utilizar a frase “amanhã é dia de trabalhar”
“Aquele funcionário tem um pé na cozinha” – Forma racista de falar de uma pessoa de origem negra. Remete ao período da escravidão, em que o único lugar permitido às mulheres negras era a cozinha da casa grande. A sugestão é excluir essa expressão do vocabulário.
“Ele não é negro, é moreno” – Expressão utilizada muitas vezes utilizada em tom de “amenizar” e evitar chamar uma pessoa de negra, como se isso fosse uma ofensa ou algo negativo. Em vez disso você pode dizer que a pessoa é negra, não há conotação negativa nisso.
“Feito nas coxas” – A origem da expressão é incerta. A teoria mais difundida é a de que ela remete ao período de escravidão, quando telhas eram moldadas nas coxas de pessoas escravizadas. Apesar dessa afirmação não ser unanimidade entre especialistas, é preferível utilizar a expressão “mal feito”.
“A coisa tá preta” – Associação entre preto e uma situação desagradável, perigosa, desconfortável, difícil. Pode ser substituída por ” A coisa está complicada/difícil”.
Quais palavras podemos evitar e como substituí-las?
Denegrir – O termo significa “tornar negro” e a palavra reforça o ser negro como algo ruim. Pode-se substituir pelos termos “difamar”, “caluniar” ou “prejudicar”.
Ovelha Negra – É racista pois segue o parâmetro de associar o negro a algo ruim, reforçar que o branco é algo bom, que o diferente é “esquisito”. Por ser substituída por “ovelha ruim”, “pessoa ruim”.
Boçal – A palavra traz referência aos escravizados que não sabiam falar a língua portuguesa no Brasil e, portanto, eram entendidos como desrespeitosos. Como alternativa, utilize palavras como “ignorante” ou “grosseiro”.
Humor negro – Carrega o simbolismo de sempre associar negro a algo ruim. Pode ser substituída por “humor ácido”.
Inveja branca – Em nenhum sentido a inveja é encarado como algo positivo. Porém, o uso da expressão “inveja branca” quer passar que inveja é algo ruim, mas se ela for branca é suavizada. Ou seja, associando a cor branca à uma coisa boa, legal e que não machuca. O termo pode ser substituído por expressões como “inveja boa”.
Lista Negra – Essa expressão refere-se a algo ruim, uma pessoa estar nessa lista significa por exemplo que está sendo perseguida ou que não poderá entrar ou fazer certas coisas. A palavra negra é colocado nessa afirmação de forma desagradável e, mais uma vez, racista. O termo pode ser substituído por expressões como “lista proibida”.
Inhaca – Desde a época colonial a expressão é utilizada para tratar de algo com cheiro ruim/cheiro forte. Porém o Inhaca é o nome de uma ilha de Moçambique e a palavra vêm sendo utilizada para reforçar estereótipos e preconceitos racistas relacionados a tudo que vem de origem africana
Mas como melhorar a comunicação efetivamente?
A chave para incorporar algo em nosso cotidiano é por meio de informação e aprendizado.
Por isso, pesquisar e ler a respeito de temas relacionados a pautas raciais é fundamental para se trabalhar a empatia e o respeito. Recomendamos algumas leituras e podcasts:
Autores: Ana Vitória, Ana Nepomuceno, Jaqueline, Gabriela Dias, Camila, Marina, Gabriele Zaniolo, Júlia Marioto, Stela, Vanessa Batista e Jealice.